Autor: P. Werner Kiefer
O leito de um rio compõe-se de muitas pedras. Elas são diferentes no seu tamanho e variedade. Mas, qual é a diferença entre as pedras do rio que estão na sua nascente em relação as que estão próximas da foz? As pedras próximas da foz são redondas, ou seja, através da ação das águas e, inclusive do atrito umas com as outras, foram sendo polidas, desbastadas. As pedras que estão na nascente, por sua vez, são pontiagudas, toscas, cheias de arestas. Estão bem preservadas, de certa forma, intactas. Mas, o valor destas pedras não causa admiração; por estarem pontiagudas não têm muita utilidade no revestimento das paredes de uma casa, por exemplo. Nestas pedras faltou transformação.
Transformação faz parte da existência humana. Nós passamos por processos que criam mudanças. A vida é dinâmica. Não viemos prontos ao mundo. Crescemos e nos desenvolvemos intelectualmente, passamos por fases na vida; as próprias experiências deixam as suas marcas.
O próprio processo de educação causa mudanças em nossas vidas. Para uns acontece de forma natural. Há acolhimento e ponderações no compartilhar do ensino, de agregar valores para a vida. Enquanto que, para outros, este processo é doloroso, só através de atritos, da linguagem da dor acontece aprendizagem. Seja como for, fomos criados para viver na companhia uns com os outros, onde também acontecem atritos, que nos preparam para a vida. Não somos feitos para viver eternamente intacto no casulo do nosso eu privado.
Deus, na sua infinita capacidade de criar, nos fez a sua imagem. Á medida que vou compreendendo Deus, aceito que existo para estar na companhia Dele. Viver na presença de Deus significa ser parceiro, para compreender e ser compreendido, para amar e ser amado.
Veja só: Deus não se cansa de relacionar-se com os seus filhos e filhas. Deus é capaz de esperar o retorno do filho pródigo, que abandonou o lar, dias após dias. Por quê? Ora, quer estar na companhia de seu filho! E quando o filho retorna, faz festa para celebrar o encontro.
Que O Espírito de Deus possa agir em nossas vidas tal quais as águas do rio, que vão transformando e criando vida através do encontro. E os próprios atritos que acontecerem pelo caminho da vida sejam aceitos como possibilidades de crescimento. O que importa é deixar-se transformar pela bondade de Deus, viver na parceria com Deus.
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