Ecumenismo

A IECLB tem, em sua Constituição, o compromisso ecumênico. Ela se entende como tendo um vínculo de fé com as igrejas que confessam Jesus Cristo como Senhor e Salvador, numa alusão explícita à base doutrinária do próprio Conselho Mundial de Igrejas (CMI).

Mas o ecumenismo responde, antes de tudo, a um dom divino e um mandato bíblico (João 17.21). Assim, a visão ecumênica não é algo opcional, mas algo essencial na vida da Igreja, se ela quer ser fiel a Jesus Cristo. Por isso, o ecumenismo é algo tão belo e apaixonante, mesmo que também se constitua numa jornada cheia de percalços e dificuldades. O ecumenismo conjuga a legítima diversidade com o empenho pela unidade e pela superação das divergências. Nisso, constitui, em si, um vigoroso testemunho para dentro de nosso mundo globalizado e de tantas formas excludente. Há multidões famintas, tanto no sentido material quanto espiritual. A elas somos devedores de um testemunho com credibilidade da “razão da esperança” que há em nós em provém de Cristo (1 Pedro 3.15).

Temos todos, naturalmente, profundos vínculos de fé, espiritualidade e ação com nossas respectivas igrejas. Mas nossas divisões são uma flagrante contradição a tudo que cremos, um escândalo, fruto do pecado humano. Por isso, nossas igrejas devem se deixar renovar em tudo aquilo que obstaculiza a vivência da unidade da família cristã, encontrando-se num caminho comum de comunhão, testemunho e serviço. Inclusive, num mundo em transformação, como é o mundo em que vivemos, o próprio movimento ecumênico passa por mudanças, demandando o que se tem chamado de “reconfiguração do movimento ecumênico”.

Paralelamente às tendências globalizantes, temos atualmente também o fenômeno da fragmentação e do individualismo. Há hoje uma maior diversidade religiosa, mesmo no interior da cristandade, do que quando nossos pais vislumbraram a necessidade de um projeto ecumênico. É preocupante haver, inclusive, consideráveis forças que impelem igrejas até agora comprometidas com o ecumenismo, para fora dos organismos ecumênicos tradicionais. Contudo, essas tendências e a própria diversidade num mundo simultaneamente globalizante e conflituado, nada mais faz do que tornar tanto mais necessário e urgente o ecumenismo. O maior desafio, portanto, consiste em manter viva em nossas igrejas a paixão pelo ecumenismo e encontrar caminhos criativos que renovem nossas próprias igrejas na jornada ecumênica comum.

A motivação permanente do movimento ecumênico é o desejo de alcançar a unidade plena entre as igrejas e, a partir dela, tornarmo-nos instrumentos mais fiéis e eficazes do amor de Deus ao mundo.

No amor de Deus, a ecumene estende-se para muito além das fronteiras das igrejas, abrangendo a humanidade inteira e toda a criação. Para as igrejas, o ecumenismo está baseado no dom da unidade que temos em Cristo, pela fé e pelo batismo. Enquanto assim peregrinamos sobre essa base, já ensaiamos e experimentamos de múltiplas maneiras a unidade. Adoramos ao Deus trino, Pai, Filho e Espírito Santo, perfeita unidade e comunhão.