Batismo

O batismo, através do qual morremos e renascemos em Cristo, é oferta generosa da aceitação de Deus. A água aponta para essa dupla realidade do batismo: água mata, afoga, destrói e também lava, refresca e dá vida.

Batismo, porém, é água e Palavra de Deus. É nessa combinação de água e Palavra em presença da comunidade que crê que o batismo realiza a transformação maravilhosa: nos torna filhas/os de Deus.

Mas batismo não é mágica. Batismo é início de uma caminhada! Lutero alertava que o “velho Adão”, “velha Eva”, nossa vontade de contrariar a Deus, não se deixa “afogar” facilmente na água do batismo. Ele/a nada muito bem, dizia Lutero. Por isso, o nascer, o surgir do “novo Adão”, da “nova Eva”, de um novo ser humano em nós, deve ser uma busca permanente.

Portanto, “Vida cristã outra coisa não é que diário batismo” (Lutero). É, portanto, uma atitude de permanente PENITÊNCIA: um refletir diário sobre nossa vida a partir do Evangelho de Jesus Cristo e essa reflexão precisa caminhar para a prática. Assim, concluía Lutero, se vivemos na penitência vivemos no batismo e, se vivemos no batismo, nossa vida é uma contínua penitência. E onde há vida verdadeira pelo batismo, aí há também salvação (Mc 16.16).

Ao mesmo tempo que ordena o batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19-20), Jesus afirma que é preciso “ensinar a guardar todas as coisas”. Ao sermos batizados somos integrados na comunidade cristã. Na comunidade aprendemos a “guardar todas as coisas” que interessam para a vida de fé. Na comunidade recebemos forças, ânimo e somos amparados e encorajados nessa difícil travessia que é o batismo.

quem é batizado?

A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil batiza crianças por entender que a infinita graça de Deus aceita-nos como filhas e filhos independente de nossa compreensão, nosso esforço e nossa fé. Pais, padrinhos, madrinhas e comunidade testemunham nessa atitude de entrega da criança a Deus a sua fé, pois se aceitam envolvidos por esse amor e essa graça incondicionais de Deus. Todos desejam que a criança seja também envolvida, o quanto antes, por essa graça que nos torna participantes dessa vida que não tem fim.

Entretanto, batizamos também adultos não batizados. Como em geral ocorre não serem membros da família luterana, precede o batismo um introdução preparatória para que conheçam os costumes e as confissões centrais dos luteranos. Aqui o batizar e o ensinar são simultâneos, embora o aprender seja uma constante na vida da/o cristã/o.

onde batizamos?

O batismo tem seu lugar no culto, sempre em presença da comunidade. A comunidade é co-batizadora e, portanto, co-responsável para “ensinar a guardar todas as coisas”. Em circunstâncias especiais, o batismo pode ocorrer fora do culto regular, mas sempre em presença da comunidade que crê.

como celebramos o batismo?

O batismo supõe a preparação dos pais, padrinhos e madrinhas. Em culto previamente combinado entre familiares e a secretaria da comunidade, os pais apresentam à comunidade a criança e, após oração de invocação da presença do Espírito Santo, os pais e padrinhos ficam diante do altar e compromentem-se diante de Deus e da comunidade, fazer todo o possível para que a criança cresça e permaneça na fé dos cristãos. Em seguida o ato batismal é realizado com água aspergida sobre a testa da/o batizanda/o e em nome da Trindade. Encerrando, o/a pastor/a invoca a bênção de Deus sobre pais e sobre a comunidade e entrega os certificados de padrinho e madrinha, a certdião de batismo, uma confissão batismal e uma vela com símbolos batismais para memória desse sacramento.

padrinhos e madrinhas

Podem ser madrinha ou padrinho quem se dispõe a colaborar na educação do/a batizando/a e, sobretudo, ajudar para que ele/a seja educado/a na fé da igreja cristã. Padrinho e madrinho devem ser, então, pessoas que, batizadas, buscam sinceramente viver seu batismo, professando, testemunhando sua fé e participando em sua comunidade.

Não há um número limite para padrinhos e madrinhas. A regra é bom senso. O bom senso indica também que é importante que os padrinhos e madrinhas sejam da mesma confissão que os pais. Essa concordância mínima é fundamental para que não se crie impasses quanto à educação na fé.

pode o batismo ser repetido?

Assim como o “filho pródigo”, mesmo tendo partido e se afastado do pai, continuou sendo filho e foi misericordiosamente reintegrado na família, da mesma forma jamais deixamos de ser “filhas” e “filhos”. O batismo, que nos torna membros dessa família de Deus, não perde sua validade em hipótese alguma. Se o batismo é promessa e compromisso de Deus conosco, poderemos porventura imaginar que Deus não cumpra sua promessa ou falte com seu compromisso? “Deus não é homem, para que minta nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?” (Nm 23.19).

Certamente nós, de nossa parte, podemos ignorar o compromisso e a promessa, mas isso não torna inválido o batismo. Do contrário, transformamos o batismo numa obra nossa, que podemos destruir ou repetir a cada momento que julgarmos conveniente. O batismo nos compromete e nos responsabiliza. Viver mal o nosso batismo ou repeti-lo levianamente, coloca-nos sob o juízo de Deus, pois esse é o “não crer” de que fala o evangelho de Marcos ( Mc 16.16).

Fonte: http://www.luteranos.com.br/articles/7927/1/Batismo/1.html