Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC) publicado por CEBI
Ao ser anunciado como novo bispo de Roma, o Cardeal Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires, Argentina, inaugurava simultaneamente três frentes. Trata-se do primeiro latino-americano e jesuíta a ocupar o mais alto posto da Igreja Católica e o primeiro a adotar o nome de Francisco. Nas horas seguintes, diversos líderes ecumênicos do continente expressaram suas reações à escolha do novo Pontífice.
Por: Marcelo Schneider
Moderador do Conselho Mundial de Igrejas, o pastor brasileiro Walter Altmann identificou a eleição de Bergoglio como um sintoma da transição do próprio cristianismo. “Nas últimas décadas, houve uma mudança radical do centro de gravidade do cristianismo mundial para o Sul. Embora a maioria dos cardeais ainda provenha do Norte, a eleição de um argentino reflete essa nova realidade”, destacou Altmann. “Nutro a expectativa de que no pontificado de Francisco I o diálogo e a cooperação ecumênica possam se intensificar e aprofundar”, concluiu.
O pastor Carlos Duarte, presidente da Igreja Evangélica do Rio da Prata, com sede em Buenos Aires, expressou os votos de sua igreja para que “o Pontificado do irmão Bergoglio seja marcado por humildade e abertura ao diálogo ecumênico e inter-religioso”.
Duarte lembrou os desafios contemporâneos que, sinaliza, o papa aborde. “Esperamos que ele possa prestar atenção nas questões que tocam tantas pessoas ao redor do mundo hoje em dia, como os novos modelos de família, a defesa e a promoção dos direitos humanos em todas as suas dimensões”, declarou o pastor.
Aos 76 anos, Francisco I é considerado um homem de hábitos simples. Na capital argentina, costuma ser visto utilizando o transporte público para ir ao trabalho. Em seu pastorado à frente da maior diocese argentina teve uma preocupação forte nas questões ligadas à justiça social.
O secretário geral do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), Rev. Nilton Giese, reconhece o comprometimento de Bergoglio com as causas sociais. “O novo papa é uma pessoa com sensibilidade aos problemas sociais e se destacou por sua crítica severa aos modelos econômicos neoliberais. Por isso, entendemos que, com seu apoio, podemos fortalecer o trabalho ecumênico de gestos concretos na América Latina entre o CLAI e a Conferência Episcopal Latino-Americana (CELAM) em temas como a exploração de minas, violência familiar e juventude”, afirmou Giese.
A pastora Romi Márcia Bencke, secretária geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), espera que o pontificado de Francisco I reflita um pouco do contexto de onde ele é oriundo. “A caminhada da Igreja Católica Romana em nosso continente foi marcada pela rica experiência da teologia da libertação. No Brasil, em especial, temos ainda a gratificante convivência ecumênica com a Igreja Católica, que é uma das fundadoras do CONIC. Esperamos que o novo papa siga fortalecendo a caminhada ecumênica”, afirmou.
Já o bispo da Igreja Evangélica Metodista Argentina, Frank de Nully Brown, interpretou um aspecto de continuidade na eleição do novo papa. “A escolha de Bergoglio confirma o rumo que a Igreja Católica Romana já havia tomado na gestão de Bento XVI”, analisou Brown.
As reações do povo argentino à sua eleição estão divididas. De um lado, acusações de omissão diante das violações de direitos humanos na época da ditadura militar. Do outro, a afirmação de que o então bispo tenha ajudado muitos a escapar da prisão e da norte no mesmo período.
“Agora vamos iniciar esse caminho juntos, o bispo e o povo, tornando o caminho da Igreja de Roma num caminho de fraternidade, caridade e confiança entre nós”, declarou o novo papa pouco antes de despedir-se da multidão reunida na praça de São Pedro na noite de quarta-feira, dia 13.
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