O que professamos

As pessoas se esforçam para acertar na vida. Procuram corresponder às expectativas das pessoas em sua volta. Mesmo assim, decepcionam e frustram a quem elas querem bem. Culpabilizam-se e sofrem porque não conseguem ser o que gostariam de ser.

A sociedade cobra resultados. As pessoas valem pelo que produzem. Pessoas fisicamente doentes, pessoas emocionalmente fragilizadas, pessoas com deficiência física, pessoas colocadas à margem do sistema produtivo encontram com muita dificuldade reconhecimento na sociedade contemporânea. Pessoas que cometeram delitos, pessoas que assumiram um comportamento distoante, pessoas cujas relações familiares se quebraram são com facilidade culpabilizadas. As pessoas derrotadas entram em profunda crise numa sociedade que cultua o sucesso, a beleza e o consumo.

A vida torna-se um tribunal permanente de acusação e defesa em que as pessoas julgam umas às outras. Assumem o duplo papel de juiz e de réu. Elas são inquiridas a se justificar acerca de seu comportamento, de suas atitudes, de tudo que fazem.

Onde encontrar misericórdia? Como sair deste círculo vicioso de culpa e de dor?

A mensagem da graça e da misericórdia de Deus que vem ao mundo em Jesus Cristo afirma que ele acolhe a todas as pessoas indistintamente. Proclama que todas as pessoas são aceitas por Deus de forma incondicional. Declara que o amor de Deus pode ser recebido pela fé, despertada pela sua Palavra mediante a ação do Espírito Santo. Deus justifica as pessoas mediante graça e fé.

Este é o coração do Evangelho redescoberto por Martin Luther. Esta mensagem identifica a pregação, vida e testemunho da Igreja. As pessoas, libertadas de sua ânsia promotora de justiça, assumem uma postura nova diante da vida, das pessoas, da sociedade e do mundo. A cruz é o sinal que lembra o abraço de Deus e a vitória sobre todas as forças escravizantes. Deus identifica-se com a dor e o sofrimento das pessoas e as liberta para que sejam verdadeiramente humanas.

A liberdade de tudo o que escraviza possibilita e capacita as pessoas a viver a liberdade para o exercício da solidariedade e a prática da justiça. A vivência da fé na prática do amor, como gesto livre e desinteressado, são marca do jeito evangélico de ser.

A comunidade torna-se o espaço de comunhão das pessoas agraciadas. Nela e a partir dela a Palavra de Deus é anunciada e vivenciada. Pelo Batismo as pessoas ingressam na dinâmica da graça e da fé em Jesus Cristo. A participação e a comunhão na Ceia do Senhor renovam e fortalecem os filhos e filhas de Deus para o exercício do sacerdócio no seu dia-a-dia.